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Reflexões sobre O Som de Muitas Águas, da escritora DoCouto

Reflexões sobre O Som de Muitas Águas, da escritora DoCouto Um convite ao mergulho simbólico no fluxo da existência Ao folhear cada página de O Som de Muitas Águas sinto-me como quem se aproxima de um rio ancestral. Um rio que não carrega apenas água, mas memórias, sonhos e vertigens psíquicas. A autora, DoCouto , entrega-nos uma narrativa que é ao mesmo tempo convite e respiro. Sua escrita é prosa poética que ecoa as vozes invisíveis que vivem em nós. O Livro está disponível na Amazon  e anuncia seu alcance entre leitores que buscam introspecção e renovação. Entre a filosofia e o símbolo do fluxo A leitura se torna rito. Cada fluxo narrativo remete à proposta filosófica do tempo como rio e do sentido como correnteza. O simbolismo da água atravessa metáforas que habitam o inconsciente. No silêncio das correntes, o leitor reconhece fragmentos de si mesmo. Há ecos de Heráclito e Lacan, ambos fascinados pela fluidez e pela linguagem. Aqui, a água é discurso que não se escreve a...
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A Interpretação dos Sonhos: quando o inconsciente revela sua poesia noturna

A Interpretação dos Sonhos : quando o inconsciente revela sua poesia noturna Por Ruy de Oliveira Adormecemos e, ao fechar os olhos, iniciamos uma travessia silenciosa. Os sonhos surgem como mapas cifrados, carregando em suas imagens a essência do que fomos, do que desejamos, do que tememos. Em " A Interpretação dos Sonhos ", Freud revela que os sonhos não são meras fantasias do sono, mas manifestações autênticas da alma inconsciente. São obras simbólicas, expressões de desejos recalcados que encontram no palco noturno um modo disfarçado de se dizerem. Este livro , publicado em 1900, não apenas inaugura a psicanálise como método terapêutico, mas também como uma visão revolucionária da mente humana. Nele, Freud constrói um sistema onde o sonho ocupa o lugar de estrada privilegiada que conduz ao inconsciente. Como afirma o autor, o sonho é uma realização disfarçada de um desejo reprimido. Cada imagem onírica, por mais absurda que pareça, esconde em seu núcleo um conteúdo ps...

Série "8 em Istambul": Um Espelho da Alma Contemporânea

Série "8 em Istambul": Um Espelho da Alma Contemporânea Queridos leitores, hoje lhes trago não apenas a indicação de uma série, mas a partilha de uma travessia. “8 em Istambul” (título original  Bir Başkadır ) não é apenas um produto audiovisual da  Netflix , mas uma pulsação psíquica em forma de drama. Criada e dirigida por  Berkun Oya , estreou em  2020  e traz em seus  8 episódios  uma meditação profunda sobre o inconsciente coletivo de uma sociedade cindida entre tradição e modernidade. É turca em sua forma e humana em seu conteúdo. É Istambul, mas é também São Paulo, Cairo, ou qualquer outra metrópole onde o sagrado e o profano, o patriarcal e o libertário, a palavra e o silêncio, ainda duelam dentro de nós. Sobre o elenco A série conta com atuações profundamente expressivas e humanamente verossímeis.  Öykü Karayel  interpreta  Meryem , uma jovem faxineira que começa a desmaiar sem razão aparente. Seu irmão autoritário,  Yas...

Freud: neurose, psicose e perversão

Freud: neurose, psicose e perversão Freud não apenas decifrou os enigmas do inconsciente, ele os moldou em arquitetura. Como um arquiteto da alma, traçou as linhas mestras que sustentam as formas do sofrimento psíquico. Dentre as colunas centrais desse edifício interior, três se erguem com nitidez: a neurose, a psicose e a perversão. Não são doenças. São modos de estruturação da subjetividade, maneiras distintas de o sujeito se posicionar frente à castração, à lei, ao desejo e à alteridade. 1. A neurose: o drama do conflito A neurose é o palco onde se encena o drama do desejo recalcado. Aqui, o sujeito está dividido. Ele quer, mas não pode querer. O desejo, para o neurótico, é um abismo temido, uma ameaça à moral, à norma, ao amor do Outro. Por isso, ele recua. Mas o desejo não morre: ele retorna disfarçado, fantasiado, sintomatizado. O neurótico é um poeta do sintoma. Seu sofrimento se condensa em obsessões, fobias, sintomas histéricos. Na histeria, o corpo fala o que a boca não o...

A Chegada da Psicanálise ao Brasil: ecos de Freud sob o céu tropical

A Chegada da Psicanálise ao Brasil: ecos de Freud sob o céu tropical A psicanálise, nascida no coração da Europa oitocentista pelas mãos de Sigmund Freud, levou algum tempo para atravessar os mares e chegar à América do Sul. Mas quando finalmente aportou no Brasil, encontrou uma terra fértil, contraditória, mística e marcada por profundos dilemas sociais, emocionais e culturais. Era como se o inconsciente brasileiro já estivesse pronto para ser escutado. As primeiras menções a Freud no Brasil datam do início do século XX, mais especificamente por volta de 1910 a 1915. Porém, foi somente nas décadas de 1920 e 1930 que seu pensamento começou a ser traduzido, lido e debatido com mais força. No começo, Freud era lido quase clandestinamente, por médicos interessados em neurologia ou psiquiatria. Suas ideias pareciam estranhas, perigosas, até mesmo subversivas. Falar de sexualidade infantil, desejos inconscientes, sonhos e histeria num país católico, patriarcal e conservador era um desafio...

A Obra Clínica de Freud: o inconsciente como palco do desejo humano

A Obra Clínica de Freud: o inconsciente como palco do desejo humano A vida de Freud é inseparável de sua obra, pois ele próprio foi seu primeiro analisando, seu maior crítico e o mais inquieto explorador da alma. A partir da virada do século XX, após a publicação de A Interpretação dos Sonhos em 1900, Freud mergulhou definitivamente no território clínico, onde construiu os pilares do que viria a ser a psicanálise. Essa obra não foi apenas um novo olhar sobre o sonho, mas o nascimento de uma linguagem para o que até então era inaudível: o inconsciente. Para Freud, o sonho era a via régia para o inconsciente. Ele percebeu que os conteúdos oníricos, ainda que bizarros, confusos e aparentemente sem sentido, traziam em si desejos recalcados, geralmente originados na infância. O sonho não se apresenta de forma literal. Ele é um produto de deslocamentos, condensações, inversões e disfarces. O inconsciente, tal como Freud o revelou, é um teatro onde desejos infantis não realizados continuam...

Sigmund Freud: o menino que sonhava acordado com a alma humana

Sigmund Freud: o menino que sonhava acordado com a alma humana Na pequena cidade de Freiberg, na Morávia, hoje parte da República Tcheca, nasceu em 6 de maio de 1856 um menino judeu chamado Sigismund Schlomo Freud. O nome era longo demais, e com o tempo foi encurtado simplesmente para Sigmund Freud. Seu nascimento veio numa família modesta, marcada por tradições judaicas. O pai, Jakob Freud, era um comerciante de lã, e a mãe, Amalie, vinte anos mais jovem e sua terceira esposa, era uma mulher de forte presença emocional. Freud dizia que sua mãe o chamava de "meu Sigi de ouro", e esse afeto marcaria profundamente sua autoimagem e o seu destino. Sigmund foi o primeiro de oito filhos de Jakob e Amalie. Tinha meio-irmãos mais velhos do casamento anterior de seu pai, o que criava uma dinâmica familiar curiosa. Um desses irmãos, Emmanuel, teve um filho chamado John, sobrinho de Freud mas com idade semelhante à sua, que ele passou a ver quase como um irmão mais novo. Essa teia fam...